domingo, 20 de dezembro de 2009
EJA
Percebemos nas apresentações de trabalhos que cada vez mais é o professor que deve se adaptar aos seus alunos e não os seus alunos ao professor e suas propostas metodológicas.
Se o aluno se encontra nessa modalidade, por algum fator, seja ele social ou econômico, seja pela auto-esitma baixa, seja pelo descrédito de suas habilidades, seja pelas dificuldades diárias da vida, a instituição escolar e professores devem desenvolver um planejamento que atenda as necessidades desse público, além de promover o respeito e a igualdade de direitos.
QUEM SÃO OS ALUNOS E ALUNAS DA EJA?
Veja o que descobrimos:
* Maioria natural de outros municípios, vindos para Sapiranga por motivos de trabalho;
* Casados e solteiros se equiparam em número;
* Poucos possuem casa própria;
* Todos possuem equipamentos eletro-eletrônicos comuns da sociedade atual;
* Variam as atividades de lazer entre ficar em casa para descansar e assistir televisão e sair para se divertir em bailes e bares;
* Maioria não participa de grupos comunitários ou religiosos, embora a maioria afirme ter uma religião, entre as citadas estão a católica e a evangélica;
* Muitos utilizam o SUS quando precisam de atendimento médico;
* Todos desejam uma vida melhor da que possuem;
* Que aprenderam a ler e escrever entre os 7 e 8 anos;
* Gostam ler jornais e revistas;
* Escrevem pouco, como bilhetes e recados;
* Já estão na fase final do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio;
* Todos recebem incentivo dos familiares para estudarem;
* Apontam como qualidades do professor saber ensinar, compreender e saber lidar com os alunos;
* As qualidades do bom aluno são atenção, interesse, esforço e respeito ao professor.
REFLEXÕES SOBRE PLANEJAMENTO
Vale destacar algumas alterações realizadas, caso eu tivesse contato com esses autores. Veja só:
Maria Montessori:
- Montessori indicaria que realizasse com a turma atividades físicas, mentais e reflexivas em relação ao seu corpo, ao grupo e as diferenças existentes na sala de aula. Ela entende que a base deste princípio é a educação ativa, na qual a criança aprende pela experiência e pela repetição sistemática, as crianças fazem exercícios, através dos quais aprendem a dominar a si mesmas, coordenando movimentos e controlando ações;
- Melhorar a organização do ambiente, para garantir domínio, autonomia para corresponder a necessidade das crianças de agir inteligentemente;
- Desenvolver a educação dos sentidos, alcançada por meio da realização de jogos sensoriais e outros materiais didáticos, trabalhando as diferenças entre seres, objetos e coisas.
Celestin Freinet:
- Criar o “Cantinho das Cores” e o “Cantinho das Diferenças” (onde poderiam selecionar imagens, objetos, coisas diferentes);
- Elaborar um “texto livre” sobre a história contada, respeitando a inspiração da criança quanto à forma, ao tema e ao tempo para sua realização;
- Montar o “livro da vida”, com o tema “Nossas Diferenças”;
- Propor a correspondência com outras classes para desenvolver as relações humanas pelo contato vivo com o mundo exterior, a partir do tema “Em sua sala de aula, existem diferenças entre os alunos?”;
- Trabalhar mais em grupo com eles, para desenvolverem a sociabilidade e a criatividade.
TEMAS GERADORES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA:
Para Paulo Freire a missão do professor deve ser possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos, através da valorização da cultura do aluno, das suas experiências trazidas ao longo do tempo. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de “cultura do silêncio” e transformar a realidade, “como sujeitos da própria história”. Seu método pretende habilitar o aluno a “ler o mundo”, reescrevendo sua realidade e transformando-a.
Os temas geradores na prática pedagógica, utilizados por Paulo Freire na educação de crianças, jovens e adultos, favorecem a leitura do mundo onde todos nós estamos inseridos. A linguagem e o pensar estão ligados diretamente a realidade dos grupos sociais. O educador necessita conhecer as condições estruturais em que o pensar e a linguagem do povo se constituem. O conteúdo programático pela ação deve ser elaborado de forma consciente e que atenda as necessidades desse povo, proporcionado a apreensão dos "temas geradores" e a tomada de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos.
A educação passa a ser “pronunciada” de forma humanizada e democrática. A metodologia de Paulo Freire reconhece e estimula o diálogo, como prática pedagógica de conscientização do indivíduo dos seus direitos e deveres como cidadão ativo e participativo, integrando-o no meio em que vive.
Baseado-se nisso, penso que cada vez mais a educação deve envolver o aluno no seu contexto social, aproveitando sua realidade, suas experiências, suas vivências e suas capacidades de transformação.
MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA EM RELAÇÃO À AVALIAÇÃO
No início de minha prática pedagógica em sala de aula, adotava a avaliação classificatória e centralizadora, em função da pressão do meio escolar. Com o passar do tempo, passei a olhar de forma diferente a avaliação e mais segura do que fazia, busquei não somente avaliar meu aluno por testes e provas aterrorizadoras, mas utilizar outros instrumentos mais criativos de avaliação. Debates, reflexões, atividades com expressão corporal e artística, trabalhos coletivos e não apenas individualizados.
Atualmente, não estou em sala de aula, mas quando exercia prática docente, procurava avaliar meu aluno no dia a dia, analisando seu crescimento cognitivo, afetivo e social frente às suas dificuldades e habilidades, pois cada um é um ser individual possuidor de conhecimentos e vivências diferentes.
Não utilizo critérios específicos para a realização da avaliação. Procuro conhecer meu aluno e sua realidade e assim, estar atenta aos seus progressos em relação ao processo de aprendizagem. Confesso não achar a tarefa de avaliar um processo fácil e muitas vezes fico insegura, afinal, também sofro influência das minhas vivências escolares do passado e até do presente.
O aperfeiçoamento da minha prática pedagógica em relação à avaliação deve levar em consideração o conhecimento que se tem do aluno e da realidade onde esse está inserido; do desprendimento da “classificação” do aluno frente aos seus resultados avaliativos com notas e números; da busca de humanizar a educação, visando desenvolver o ser integral, dotado de habilidades e competências que necessitam ser desenvolvidas e estimuladas de forma criativa e motivadora; da análise das práticas avaliativas que promovam a auto-estima, aceitação e valorização do aluno; de mudanças que visem o exercício da cidadania, da troca de saberes e da educação inclusiva.
EDUCAÇÃO DE SURDOS 3
Através dos estudos realizados na disciplina de Libras, pude entrar mais em contado com a comunidade surda. Antes disso, apenas "passava" por eles e não interagia, até porque tinha dificuldade para me comunicar, o que fazia com eu me intimidasse. Em sala de aula, nunca tive alunos portadores de deficiência auditiva e confesso que ainda tenho dificuldades para o uso da comunicação com eles.
Penso que a disciplina nos motivou para que buscarmos subsídios para melhorarmos nossa prática docente e convivência com a comunidade surda.
Já estamos buscando um curso de capacitação de Libras para o ano que vem.
Abraços.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
EDUCAÇÃO DE SURDOS 2
No município de Sapiranga, onde resido e trabalho, a Escola Luterana São Mateus oferece educação regular do ensino fundamental para alunos surdos e ouvintes. Na Educação Infantil oferecem Maternal, Jardim A e Jardim B. No Ensino Fundamental oferecem desde a 1ª até a 8ª série. No Ensino Especial, alunos surdos têm oportunidade de receber educação, através de uma política educacional bilíngüe (Português e Libras = Língua Brasileira de Sinais). A filosofia da Escola tem como propósito fazer com que a essência humana cresça em educação e na integração de pessoas diferentes, respeitando suas diferenças, seus credos, seu nível social e econômico, idealizando um mesmo objetivo de plenitude e de realização pessoal.
A educação de surdos é muito importante para a Escola São Mateus, bem como para a APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos). O termo SURDOS, conforme a escola, e visto com visão de pessoas integrais, individuais, cidadãs, com sua própria visão de mundo, com direitos e deveres. Fala-se em educação bilíngüe; em professores surdos para alunos surdos; em intérpretes das Libras (Língua Brasileira de Sinais), em FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos); em NUPPES (Núcleo de Pesquisa em Políticas Educacionais para Surdos), na UFRGS; em surdos brasileiros.
Através das visitas realizadas na escola, através da Secretaria Municipal de Educação de Sapiranga, bem como do contato com familiares que estudam na escola e das participações da escola em eventos realizadas pela Secretaria, percebe-se o engajamento e a preocupação dos profissionais na educação dos surdos e sua inclusão no meio em que vivem. São oferecidos oficinas de teatro, dança, informática, basquete, futsal, entre outras, para alunos surdos e ouvintes, integrando-os na sociedade.
Em julho do ano passado, a escola participou do Encontro Artístico de Talentos Escolares – EARTE 2009, com três peças de teatro e uma coreografia de dança, emocionando e sensibilizando o público presente. Através das apresentações, conseguiram demonstrar a importância de trabalhar as diferenças em conjunto com toda a comunidade.
O olhar de nós alunas do pead, de educadores e de cidadãs, frente a disciplina de Libras, proporcionou momentos de sensibilização e responsablidade com a educação de surdos, fazendo que nossa reflexão saísse da sala de aula ou da internet e fosse às ruas, às salas de aula de escolas especializadas, às pessoas portadoras de deficiência auditiva, mantendo ligações de uma boa convivência e de respeito às diferenças. Ao mesmo tempo, percebemos que muitas instituições fazem um excelente trabalho, mas que ainda necessitam de parcerias e apoio.
As leituras, as reflexões, os debataes e as saídas de campo, proporcionaram momentos de nos“vermos” nos olhando, de nos escutarmos ouvindo e através das inúmeras experiências de nos avaliarmos.
Assim, como perceber no “outro” as capacidades, as superações, as limitações que pela convivência no trabalho, muitas vezes passa despercebido pelas lentes do olhar desacostumado a “ver” e "ouvir".
EDUCAÇÃO DE SURDOS
A mudança deve iniciar pela comunidade em geral, mas também pelos próprios surdos que devem manifestar-se na busca de seus direitos, através de entrevistas em jornais; campanhas com panfletos, manifestações no ministério; vigílias estudantis.
Outro segmento importante nesta ação modificativa são as instituições escolares, que devem promover a educação inclusiva com qualidade e sem preconceito, envolvendo toda a comunidade nesse processo de aceitação, respeito e democratização do ensino. Ou seja, o ensino deve estar voltado para a construção da autonomia do aluno com deficiência, proporcionando à comunidade surda a interação na sociedade em que está inserida, buscando sua identidade e valorizando suas capacidades, como cidadão e consciente de seus direitos e deveres.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
NÃO HÁ COMO ALFABETIZAR SEM MÉTODO?
Este trecho me fez refletir sobre minha prática pedagógica na alfabetização nas séries iniciais. Confesso que minha experiência docente em sala de aula se remete a turmas de 3ª e 4ª série (hoje 4º e 5 º anos), o que acentua as minhas angústias e dúvidas em relação à alfabetização nas séries iniciais.
Refletindo sobre o texto lido e que considero de excelente qualidade, me reporto ao ano de 2005, onde fui presenteada, pela primeira vez, com uma turma de 1ª série (2º ano). As questões analisadas no texto, pela autora Iole Maria Faviero Trindade, estão perfeitamente relacionadas com minhas angústias e indecisões, como: Qual o método a seguir? Os métodos tradicionais podem ser utilizados? Como ficam as atividades tradicionais, como o soletrar, o ditado? E ao me deparar como as observações analisadas pela autora, pude perceber que andei no caminho certo. Digo andei, porque somente naquele ano e não mais, alfabetizei alunos de 1º série/2/º ano. Embora a experiência tenha sido imensamente válida, acabei sendo encaminhada para outras atividades na escola e fora dela. As marcas daquela experiência única ficaram intrínsecas dentro de mim e influenciaram-me na prática em sala de aula nos anos seguintes, numa preocupação maior com a alfabetização continuada.
Destaco aqui, a partir da leitura, a importância da produção textual, seja ela individual ou coletiva, de forma planejada ou espontânea, com o objetivo de explorar temas lingüísticos. Um mesmo tema poderá ser explorado por essas diferentes estratégias, seja pela transformação de um texto “espontâneo” em um texto coletivo, ao ser reescrito coletivamente, seja por sua produção conjunta a partir da progressão da exploração de um tema em curso. O mesmo se vale para a leitura dos textos, que passará por uma leitura “espontânea” do texto produzido, como por uma leitura coletiva, feita por toda turma, quando da produção do texto coletivo, no formato manuscrito, e por grupos de alunos ou individualmente novamente, quando do seu recebimento em um novo formato, digitado.
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM E DO PENSAMENTO DO EDUCANDO JOVEM E ADULTO
O tema “educação de pessoas jovens e adultas” não nos remete apenas a uma questão de especificidade etária mas, primordialmente, a uma questão de especificidade cultural. A partir da leitura do texto “Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e da aprendizagem”, de Marta Kohl de Oliveira, podemos destacar:
1. A educação de jovens e adultos envolve uma reflexão sobre as ações educativas dirigidas a um grupo de pessoas relativamente homogêneo no interior da diversidade de grupos culturais da sociedade contemporânea. O adulto, no âmbito da educação de jovens e adultos, é geralmente o migrante que chega às grandes metrópoles vindos de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar (muito frequentemente analfabetos). O jovem, incorporado ao território da antiga educação de adultos não é aquele com uma história de escolaridade regular, é considerado um excluído na escola, geralmente integrado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores chances de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É ligado mais ao meio urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais ligados a sociedade letrada, escolarizada e urbana.
2. O lugar social desses grupos pode ser definido em três campos: a condição de “não-crianças”, a condição de excluídos da escola (fracasso escolar, evasão e repetência, práticas de avaliação) e a condição de membros de determinados grupos culturais.
3. Os processos de construção de conhecimento e de aprendizagem dos adultos são menos explorados na literatura psicológica do que àqueles referentes às crianças e adolescentes.
4. As pessoas humanas mantém um bom nível de competência cognitiva até uma idade avançada, que podem sofrer influência de alguns fatores, como: o nível de saúde, o nível educativo e cultural, a experiência profissional e o tônus vital da pessoa (sua motivação, seu bem-estar psicológico,...). (Palacios)
5. O adulto que se incorpora a EJA está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquela da criança e do adolescente. Em sua caminhada, traz consigo experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas; experiências essas que não devem ser desperdiçadas no processo de aprendizagem na educação de jovens e adultos, onde as habilidades e dificuldades possam ser trabalhadas de forma mais consciente e pedagógica.
6. Para incluirmos estes jovens e adultos no processo de aprendizagem se faz necessária uma adequação da escola com currículos, programas e métodos de ensino diferenciados que atendam às necessidades cognitivas, psicológicas e culturais dessa clientela escolar.
7. Os altos índices de evasão e repetência nos programas de educação de jovens e adultos indicam falta de sintonia entre escola e alunos, além dos fatores de ordem socioeconômica que impedem dos alunos se dedicarem plenamente ao programa. Além disso, a escola funciona com base em regras específicas e com linguagem particular que deve ser conhecida por aqueles que estão envolvidos no processo.
8. A escola voltada à educação de jovens e adultos é um local de confronto de culturas, de interação social e um encontro de singularidades. Propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e/ou adolescência seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis.
CONCLUINDO:
· Para que possamos estabelecer com clareza a parcela da população a ser atendida pela modalidade EJA, é fundamental refletir sobre o seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão servirá de base para a elaboração de processos pedagógicos específicos para esse público. Segundo Marta Kohl, a Educação de Jovens e Adultos refere-se não apenas a uma questão etária, mas, sobretudo de especificidade cultural, ou seja, embora se defina um recorte cronológico, os jovens e adultos aos quais se dirigem as ações educativas deste campo educacional não são quaisquer jovens e adultos, mas uma determinada parcela da população.Considerar a heterogeneidade desse público, quais seus interesses, suas identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas habilidades, suas vivências, torna-se de suma importância para a construção de uma proposta pedagógica que considere suas especificidades. É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos para que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o para uma intervenção significativa na sua realidade. É muito importante que o professor esteja atento à utilização dos dados que demonstrem os interesses dos alunos, para desenvolver suas atividades de forma mais significativa.
sábado, 31 de outubro de 2009
O MENINO SELVAGEM
O filme “L’Enfant Sauvage d’Averyon” (O Menino Selvagem de Averyon), de Fraçois Truffaut, baseado num caso verídico, relata a história de uma criança de onze ou doze anos que foi capturada num bosque, tendo vivido afastado da sua espécie e ficando depois à guarda do Dr. Jean Itard. Quando foi capturado, andava como um quadrúpede tinha hábitos anti-sociais, órgãos pouco flexíveis e a sensibilidade embotada, não falava não se interessava por nada e a sua face não mostrava qualquer tipo de sensibilidade. Toda a sua existência se resumia a uma vida puramente animal.
O seu isolamento, desde a infância, condicionou o menino à aprendizagem da sobrevivência, tendo assim, dificuldades de abstrair novas aprendizagens, consideradas “normais” à sociedade da época.
Podemos concluir que:
- o menino selvagem é considerado um surdo-mudo, já que não manifesta reação a estímulos exteriores (barulho) e não utiliza a fala; por outros é considerado um “idiota”, com problemas mentais;
- havia certo preconceito da sociedade da época em relação aos deficientes mentais e físicos, que eram rejeitados e excluídos pela sociedade, sendo encaminhados para instituições para débeis, asilos e colégios de surdos-mudos. O que demonstrava claramente que os surdos eram considerados “anormais” e “doentes” e que precisavam ser protegidos; na verdade, eram excluídos do meio em que viviam e não eram considerados cidadãos com habilidades e competências;
- apesar de o menino selvagem ter vivido isolado por anos na floresta, ele não tinha as mesmas capacidades físicas de outros animais, ou seja, os fatores biológicos afetaram suas ações enquanto selvagem;
- muitas vezes o menino, respondia aos estudos e estímulos do professor com ataques de fúria, se jogando no chão e através de mordidas. À medida que foi desenvolvida a afetividade entre o menino e o Dr. Itard ou a Mme. Guérin, a aprendizagem se tornou mais fácil e houve um retorno maior do menino aos estímulos exteriores, demonstrando sentimentos e valores de justiça e moral, enquadrando-se aos poucos nos valores sócio-culturais da sociedade em que vivia;
- devido à fraca sensibilidade do sistema auditivo, a sua educação ficou incompleta;
- o sistema olfativo continuou sendo o mais desenvolvido, pois foi o mais estimulado na infância e serviu para sua sobrevivência junto aos animais da floresta;
- todo o seu desenvolvimento foi lento e trabalhoso, devido o seu isolamento na floresta e falta de estímulos intelectuais;
- as questões sociais e culturais são fundamentais para a formação do cidadão. É relevante compreender e atentar para as questões emocionais e psicológicas do ato de educar, desde a gestação até a fase adulta;
- o ato de educação, formal ou informal, depende sim de ações conscientes e humanas, voltadas para a formação do ser integral. Não se vive só, não se educa sem amor;
- a educação de portadores de deficiências físicas e mentais é complexa e necessita ser tratada com responsabilidade e compromisso.
domingo, 25 de outubro de 2009
EM FOCO: SUPERAÇÃO EM RITMO DE DANÇA
Não podia deixar de comentar sobre a experiência que tive com os alunos do EJA – APAE, juntamente com meu grupo de dança que coordeno pela Secretaria Municipal de Educação de Sapiranga. O encontro surgiu num bate-papo informal entre os dois grupos em noite de ensaio do Dança & Cidadania, no final de junho deste ano, quando ambos estávamos sem sala de aula para usar, em função de uma atividade desenvolvida na escola. Dividimos o mesmo espaço por alguns momentos, o suficiente para que meu grupo apresentasse algumas das coreografias ensaiadas ao EJA – APAE. Entre conversas e aplausos entusiasmados, rolou um desafio: vamos montar uma coreografia juntos? Selamos nosso acordo verbalmente e no coração, com a necessidade de fazer algo diferente, para que os dois grupos tirassem suas lições. Lembrei de todas as aulas do semestre anterior do Pead e me senti responsável em concretizar esta ação.
O tempo passou, a gripe suína decretou mais tempo de férias e interrompeu nosso projeto por algum tempo...Não muito tempo. As professoras do EJA estavam atentas e os alunos da APAE também. Encontravam-me no mercado, na rua e me questionavam quando iríamos ensaiar.
Escolhemos a música “Dancing Queen”, do conjunto ABBA, que possui como refrão “Você pode dançar, você pode se esbaldar, se divertindo como nunca, veja essa garota, assista essa cena, virando a Rainha do Baile. Vencendo as diferenças, as dificuldades, através da superação, do respeito, da confiança e do amor, em quatro ensaios, eles viraram os “Reis do Baile” e no dia 20 de outubro de 2009, invadiram de forma brilhante e emocionante a I Mostra de Talentos da APAE.
Formamos pares onde meus alunos conduziam moças e rapazes; com ajuda do grupo os cadeirantes também entraram em ação.
Ao ler o texto do Módulo 4 de Didática, pude refletir que do encontro daquela noite, surgiu um Projeto Pedagógico, com o tema principal da Dança e da Integração e que só obteve sucesso, porque foi escolhido pelo grupo, de forma coletiva. Os alunos não foram coadjuvantes neste processo, foram agentes participativos da sua escolha e da sua ação. A partir do tema, da proposta, do projeto foram desenvolvidos valores morais e sociais e que culminaram numa grande apresentação. Houve troca de experiências entre os alunos dos dois grupos e dos professores. Os professores foram mediadores, orientadores e aprendizes. A avaliação trouxe resultados de sucesso e superação e não para por aí: convites para novas apresentações.
O projeto foi resultante de uma NECESSIDADE do grupo, dos professores e da comunidade local, que necessitava perceber que o normal é ser diferente; que devemos eliminar o preconceito em relação aos portadores de necessidades especiais e que tudo pode ser superado com amor e dedicação. Tudo depende da nossa vontade e do interesse de acreditar e modificar o meio em nossa volta.
sábado, 19 de setembro de 2009
Letramento Social X Letramento Escolar
A partir da leituras que fizemos no Módulo 2 da disciplina de Linguagem pudemos constatar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa-se, não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico), processo geralmente concebido em termos de uma competência indi¬vidual necessária para o sucesso e promoção na escola, que alguns pesquisadores consideram equivocado, pois não contempla outras agências de letramento, como a família, a igreja, a rua como lugar de trabalhoe socialização da linguagem.
A escola deve ter como diretriz pedagógica mais importante no trabalho com os professores e alunos a utilização da escrita verdadeira nas diversas atividades pedagógicas, isto é, a utilização da escrita, em sala, correspondendo às formas pelas quais ela é utilizada verdadeiramente nas práticas sociais.
Analisando a minha prática docente, nas séries iniciais, pude perceber que muitas vezes me preocupei muito mais com o letramento escolar e não com o social, ou seja, na ânsia de alfabetizar e fazer meus alunos "ler e escrever", segui métodos mais tradicionais, não aproveitando todo o saber trazido dos alunos da sua vida social.
A reflexão realizada permite uma mudança de comportamento frente a estas questões, uma visão diferente do "ler e escrever", e da importância do letramento social no "educar de forma consciente" nosso aluno.
Aprender a ler e escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las, mas a possibilidade de usar esse benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
PEDAGOGIA DE COMÊNIO
Analisando a proposta pedagógica de Comênio com meu cotidiano escolar percebo muitos elementos importantes de sua teoria. Destaco a questão da humanização da escola. A escola é para todos! Neste item referimo-me a inclusão escolar, respeitando as diferenças, sejam elas físicas, mentais ou intelectuais. Outro fator para ser enfocado é a preocupação com o desenvolvimento da questão moral de nosso aluno, iniciando na educação infantil, preparando-o para o exercício consciente da cidadania. Uma preocupação constante das instituições educacionais de nossa época, e que promovem debates, seminários e aplicação desses estudos. Na verdade, as disciplinas desenvolvidas nos bancos escolares, bem como os conteúdos aplicados, buscam hoje, o aprimoramento do aluno como indivíduo integral, possuidor de habilidades e competências, agente transformador da sua aprendizagem.
Passagem das Horas
Passagem das Horas
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero. "
(Fernando Pessoa, como Álvaro de Campos)
Abraços a todos!
domingo, 14 de junho de 2009
Desenvolvimento Moral II
Na minha prática docente, entre erros e acertos, troca de idéias e experiências com outros profissionais, busco desenvolver primeiramente a auto-estima dos alunos através das atividades trabalhadas e do debate em sala de aula. O diálogo é fundamental, unido ao respeito à individualidade do aluno, e seu tempo de aprendizagem. O diálogo permite a análise das questões de sala de aula e fora dela, do seu contexto social, buscando reflexões sobre o mesmo.
Um exemplo: no ano de 2007, trabalhava com um turma de 4ª série, no Instituto Estadual Professora Nena – CIEP, no turno da tarde. A escola se localiza na periferia do município de Sapiranga e apresenta vários problemas sociais a serem debatidos e resolvidos.
Numa determinada tarde, após o recreio, houve um tumulto muito grande entre os colegas da turma. Discussões, choro, indignação. Parei a aula e começamos a conversar sobre o problema. Aliás, qual era o problema? O que havia acontecido? Resumindo: a indignação de um dos meninos (muito saliente na turma, de personalidade fortíssima) reclamou de outra colega, que utilizava a questão financeira para comprar “a amizade” dos outros colegas mais pobres, através de salgadinhos, balas e empréstimos de materiais. Em relação aos demais colegas, a menina era a que possuía melhor nível financeiro. Alguns aceitam este tipo de “compra”, outros não. Ambos choravam, o delator e a acusada. Conversamos sobre estas questões com eles: o que levava a menina a comprar os colegas? Como poderíamos ajuda-la? Qual seria a nossa postura?
Eu olhava para eles e fiquei surpresa com a atitude tomada. Apesar dos choros e das indignações, conversavam de forma transparente e direta, apontando falhas, erros, agravos morais e por fim, soluções. Não havia ali o mocinho e a vilã, mas um grupo de alunos, com idade entre 10 e 12 anos, discutindo valores morais, tão cobrados sua realidade. Lembro de uma frase do menino, emocionado: “Eu sou pobre, mas minha família me ensina a ser o que sou, a valorizar o que tenho”. Foi uma lição para todos nós e que realmente mostra que somente através do diálogo direcionado para o bem comum poderemos formar cidadãos mais conscientes
domingo, 7 de junho de 2009
Desenvolvimento Moral
No processo de aprendizagem moral, pais e professores exercem um papel de suma importância. A criança só aceita imposições e mudanças de comportamento moral de pessoas pelas quais demonstra respeito e afeição.
As atividades de cooperação, num ambiente de respeito mútuo, embasado na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo, respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia, ou seja, o certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta.
Tendo conhecimento que as crianças e adolescentes seguem fases mais ou menos parecidas quanto ao desenvolvimento moral, cabe ao educador compreender que há determinadas formas de lidar com diferentes situações e diferentes faixas etárias. Cabe a ele, ainda, conduzir a criança na transição anomia - heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual.
domingo, 31 de maio de 2009
VISTA A MINHA PELE
Poema Escolar Para 20 de Novembro
Vista A Minha Pele
Vista a minha pele
Você conseguiria?
Seja negro só por um dia
Seja preto pelo menos por mim
Somando todas as minhas cores assim
Vista a minha pele
Assuma a minha cor
Seja você quem for
Capture radicalmente a minha dor
Bem lá dentro de mim
E procure me compreender melhor assim
Vista a minha pele
Eu sou igualzinho a você
Ser Humano, porque
Corpo, Mente, Banzo, Coração
Então questione racismo e discriminação
Vista a minha pele
Sou vermelho por dentro
E negro sempre cem por cento
Afrobrasilis, Afrodescendente
Muito além de para sempre
Inteiramente ser humano e sobretudo gente
Vista a minha pele
Vista-se epidermicamente de mim
E procure me entender como seu igual assim
Seu irmão da humana cósmica raça
E sinta tudo o que dentro de mim se passa
Assim você muito bem confere
Assim você vai realmente se sentir
Lá dentro da minha própria pele
Como eu quero ser árvore de leite e florir
Como eu quero ser janela de pão e me abrir
Como eu quero ser estrada de açúcar e prosseguir
Como eu quero o fim de diáporas e sorrir
Sem nenhum branco para me ferir
E você vai captar essencialmente então
A verdadeira pureza do que é primordial
E o que eu quero é total libertação
E todos iguais na aquarela da coloração
Numa brasileiríssima democracia racial
Vista a minha pele
Seja um pouco eu mesmo um negrão aí
Dentro de você - Para você sentir
Sou preto brasileirinho
Sou negrão e sou negrinho
Sou Negro e Ser Humano de igual valor
E tenho a África nas moendas e engenhos no meu interior
Depois de me vestir e depois de se sair de si
Deixando de ser eu negro aí
Venha me estender a sua mão
E, de coração para coração
Abrace-me como um seu completo irmão
A pele espiritual sendo uma só então
Numa sagrada e sideral celebração.
Fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/12/296350.shtml
O Negro e a Moda
Na mesma revista duas outras campanhas publicitárias nos conclamam uma reflexão: uma delas referente ao Programa Bolsa Escola, que busca reduzir a pobreza,a fome e a desigualdade social. Na imagem de destaque: uma família sorrindo, a pele parda, descendência afro ou indígena. Na outra campanha de cuecas, a noiva de lingerie, "branca" e o noivo negro.
A primeira remete a miséria e a outra ao glamour. Cada uma, do seu jeito, traduz o atual momento em que estamos vivendo. Ainda existe o preconceito do povo marginalizado que recebe auxílio dos programas federais, vivendo de forma miserável e que poucas oportunidades sociais são dadas. Da mesma forma, o negro aparecendo na campanha como personagem em destaque demonstra a vontade de romper posturas preconceituosas ou até o respeito/obrigação pelo Programa de Cotas, que impõe a participação dos negros também no mundo da publicidade e da moda, além de outras situações sociais e culturais.
Medidas corretas ou não. Aqui não estou a questionar a funcionalidade delas, nem a minha concordância. Mas, me permite uma reflexão profunda sobre o tema, tão bem discutido na última aula presencial de Questões Étnico-Raciais na Educação: o problema do preconceito, as cotas aos negros, a discriminação racial, o ser moreno, o ser negro, o ser mestiço, entre tantas outras denominações.
Na neutralidade ouvimos opiniões e nos deparamos com o nosso preconceito ainda latente, muitas vezes escondido e marcarado dentro de nós. No bate-papo na aula e nas leituras percebe-se:
* preconceito real às opiniões alheias;
* falta de argumentação coerente pela falta de vivências e de leituras;
* predominância da cultura germânica e italiana em nossa região;
* necessidade de avaliar os aspectos históricos de nossa colonização e do tratamento dado às populações negras, indígenas, mestiças, caboclas;
* oportunidades e condições psicológicas, intelectuais e sociais ao longo do tempo a estes grupos étnicos;
* arraigamento de condutas, posturas, pensamentos traduzidos de geração a geração ainda muito fortes em nossa cultura;
* o não-concordamento do programa de cotas às questões étnica-raciais;
* a importância da implantação da Lei 10639/2003 nas escolas;
* despreparo do professor no desenvolvimento dos conteúdos transversais sobre o negro e o índio.
Há sim a necessidade de um olhar diferenciado a estas questões. A promoção da inclusão social deve começar em nós, aprendendo a observar, analisar, discernir e avaliar com neutralidade, ética e humanidade.
Como diz um poema e um documentário: Vista a minha apenas por um dia...
domingo, 24 de maio de 2009
Educação Após Auschwitz
Assim iniciou o texto Educação Após Auschwitz, que proporciona momentos de leitura reflexiva sobre a maior monstruosidade ocorrida no século XX: o Holocausto. Relacionar este evento com a situação atual em que a sociedade se encontra é constrangedor e perigoso. Afinal, que tipo de sociedade somos?
Constato: progresso intelectual é diferente de progresso moral.
Por mais que a sociedade evolua intelectualmente e tecnologicamente, se paralelamente não evoluir moralmente, estaremos realizando barbáries de todo o tipo. Sejam através de ações violentas primitivas, seja por meios tecnológicos, utilizando instrumentos do progresso para a distruição do planeta e da humanidade.
Onde está o erro ou o conserto????
Famílias desestruturadas/estruturadas;
Não-participação/Autonomia;
Ceticismo/ Religiosidade;
Individualismo/Socialização;
Injustiça/Justiça;
Egoísmo/Fraternidade;
Indiferença/Compromentimento;
Descaso/Cidadania;
Ignorância/EDUCAÇÃO.
A educação começa em casa e perpassa pelas instituições que nortearão novos conhecimentos.
O conhecimento se adquire com respeito a si mesmo, ao outro, através da troca de experiências, com disciplina e responsabilidade.
A responsabilidade se otém através dos exemplos positivos, com ética e moral.
A moral é alavanca necessária para a mundança de uma sociedade.
A sociedade é construída pelos indivíduos que a compõem, em sintonia uns com os outros.
A sintonia depende do grau de intelectualidade e de moralidade de cada indivíduo.
Cada indivíduo é responsável pelas suas escolhas e ações individuais e coletivos.
Portanto:
Somos seres individuais com necessidades coletivas. Enquanto não soubermos utilizar adequadamente nossos pensamentos, nossas palavras, nossas ações, nossas escolhas, estaremos vivendo o caos moral.
Como diz certa letra de uma música: É preciso amar...como se não houvesse amanhã!
domingo, 17 de maio de 2009
Sou negro?????
Entrevistando alguns alunos negros, uma menina comentou se ela "fosse negra" sentiria-se mal com o preconceito. Tudo bem com sua afirmação. No entanto, é relevante destacar que a aluna É NEGRA!
Fato para repensarmos nossa ação educadora nestas questões étnico-raciais.
O que leva uma pessoa a não aceitar sua cor, sua etnia, sua origem...
Onde está o preconceito: nos outros ou nela mesma?
Como promover a sua auto-aceitação?
Questões que devem ser, cada vez mais, trabalhadas na sala de aula, com ética, com respeito e responsabilidade. O educador não pode fechar os olhos para estas reflexões e deve buscar ajuda junto a coordenação pedagógica, promovendo debates, palestras, pesquisas, entrevistas e situações que envolva toda comunidade escolar neste processo.
Além de garantir vagas para negros nos banco escolares, é preciso valorizar devidamente a história e cultura de seu povo, buscando reparar danos que se repetem há cinco séculos, a sua IDENTIDADE, os seus direitos.
A rlevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, torna-se capazes de construir uma nação democrática, com IDENTIDADE.
Identidade de assumir-se NEGRO ou ser descendente africano com ORGULHO e HONRADEZ.
Dança & Cidadania X UFRGS
O Dança & Cidadania completou dois anos neste mês. Para comemorar esta data tão especial, fomos ao gabinete do prefeito municipal e entregamos uma camiseta do grupo de presente em agradecimento pelo apoio dado. O projeto pertence ao Programa Lazer, Esporte e Cidadania da Secretaria Municipal de Educação.
Já participamos de várias atividades e apresentações. No entanto, gostaria de destacar que as disciplinas deste semestre - Pead Ufrgs tem proporcionado momentos reflexivos com meus alunos de dança. Não apenas estamos dançando e criando coreografias. Nos ensaios semanais, no primeiro momento, sentamos e debatemos um tema desenvolvido em nossas aulas da faculdade. Inclusão, questões étnico-raciais, preconceito, auto-estima, entre outros temas são desenvolvidos com eles. Desta forma, de forma real e concreta, estou aplicando os conhecimentos do Pead com meus alunos, transformando-os em seres mais reflexivos, conscientes e responsáveis.
É uma troca de experiências e ensinamentos, o que tem sido positivo para o grupo e para mim. Estamos refletindo valores e condutas e tentando nos melhorar cada vez mais.
Abraços!
PERSONALIDADES NEGRAS II
Idades entre 11 e 13 anos.
Residentes em bairros centrais.
Religião predominante: católica e evangélica.
Etnia predominante: alemã
Características predominantes do grupo: animação, inquietação, alegria, energia.
Tema em destaque: PRECONCEITO RACIAL
Os alunos do Grupo Dança & Cidadania pertencem às escolas municipais: Pastor Rodolfo Saenger e Maria Ruth Raymundo; Escola Estadual de Ensino Fundamental Willy Oscar Konrath; escolas particulares: Centro Sinodal de Ensino Médio de Sapiranga, Escola de Ensino Fundamental Imaculado Coração de a e Escola de Ensino Fundamental São Mateus.
No debate sobre preconceito racial, vários questionamentos foram realizados:
Quantos colegas negros vocês possuem?
Há preconceito por parte dos colegas em relação a questão racial?
Há preconceito por parte dos professores?
Vocês agem com preconceito?
Onde percebemos o preconceito?
O que vocês fazem quando percebem ações preconceituosas?
Que atitudes tomam?
Sabem de algum caso que presenciaram em que houve preconceito?
Que personalidades negras vocês conhecem? Quais as suas contribuições para a formação de nosso povo, de nossa comunidade local?
Constatações:
* Há aproximadamente um negro por sala de aula dos integrantes do grupo de dança;
* Afirmam não serem tratados com preconceito na sala de aula e na escola;
* Os professores não possuem preconceito em relação às questões étnico raciais;
* Os alunos não exercem atitudes de preconceito com os colegas negros;
* Alguns alunos do grupo reconheceram possuir em suas raízes a etnia africana;
* Não visualizaram nenhuma situação ou caso de preconceito nas suas vivências;
* Citaram várias personalidades negras no Brasil, Rio Grande do Sul e em Sapiranga (trabalho de entrevista e pesquisa que aparecerá na próxima postagem);
* Perceberam que há mais preconceito nas questões de aparência e econômicas, inclusive eles próprios refletiram que acabam envolvidos com estas provocações (como provocadores e provocados);
* No debate proposto, foi comentado sobre algumas posturas de professores que agridem verbalmente alunos com dificuldades na aprendizagem e de comportamento, utilizando linguagem vulgar e pejorativa, independente da etnia;
* A conversa fluiu normalmente, os alunos mostraram-se abertos e receptivos ao tema.
O trabalho continua...
Aguardem a pesquisa e entrevista com as personalidades negras de nosso município: esporte, educação, lazer, cotidiano.....????
Fiquem curiosos! Eu estou!!!!!!
sábado, 16 de maio de 2009
O Clube do Imperador
Na história, o caráter correto do professor entra em choque quando se depara com o arrogante aluno, Sedgewick Bell, filho de um Senador sem escrúpulos. O conflito se dá pelo fato de Bell manter um relacionamento com seu pai, em que não havia diálogo nem tão pouco carinho e afetividade, mesmo que o garoto tentasse aproximar-se. Nesse desafio, o professor acaba, desonestamente, forjando uma classificação em um concurso "Clube do Imperador", desviando-se de seu caráter reto, para tentar aproximar-se do garoto e passar-lhe seus conceitos. Percebendo que apesar de alguns poucos avanços, não consegue mudar o caráter do aluno, o professor entra em conflito interno sobre o que são vitórias e derrotas e, de que forma elas auxiliam no crescimento moral dos indivíduos.
É difícil saber o que é certo ou errado...
Somos apaixonados pela educação e desejamos transformar todos os nosso alunos em cidadãos conscientes e responsáveis, com bom caráter e honestidade.
Sedgewick Bell, apesar das oportunidades concedidas, não mudou. E transformou-se na cópia do "pai".
Blate, o aluno desclassificado injustamente, transformou-se num cidadão honesto e de caráter.
“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte.” (Paulo Freire).
A família desenvolve um papel fundamental nesse aperfeiçoamento, assim como a escola, os amigos e o trabalho. O filme mostra bem isso: só a escola, não tem força para mudar sozinha, o caráter do ser humano. Todos nós fazemos parte deste processo.
terça-feira, 5 de maio de 2009
PERSONALIDADES NEGRAS DO RS
A Lei 10.639/03 trouxe em debate os temas transversais sobre as questões étnico-racias. Muitos questionamento, dúvidas, incertezas, qual o conteúdo a ser dado. Como fazer e aplicar estes temas tão importantes?
Na busca de um planejamento interessante, pesquisei em alguns livros e percebi que os conhecimentos estão muito perto de nós. Analisando a nossa realidade, as nossas relações, a nossa origem, a nossa cultura, percebi que os conteúdos estão bem perto de nós, em nossa volta.
É preciso:
* Trabalhar a questão racial como conteúdo multipliscinar durante o ano letivo;
* Reconhecer e valorizar as contribuições do povo negro;
* Abordar as situações de diversidade étnico-racial e a vida cotidiana nas salas de aula;
* Disponibilizar recursos adequados, materiais pedagógicos sobre o assunto.
A troca de idéias, experiências também é fundamental entre educadores e comunidade local.
E trocando idéias, pesquisando, analisando sugiu o tema Personalidade Negras do Rs, que será estendido para as personalidades negras locais.
Mulheres e homens negros contribuíram e contribuem para as diferentes áreas de formação do cenário gaúcho, do cenário onde vivemos.
Tenhamos um olhar ético e étnico, com respeito e humanidade.
A arte de fazer perguntas
Fazer perguntas eis a questão? Ou a pergunta....
No Seminário Integrador V, VI...novamente estamos aprendendo a fazer PERGUNTAS. Afinal, todo conhecimento começa com uma PERGUNTA. Instigante, polêmica, desafiadora, abrangente.
Apesar de todo treinamento ainda precebo que o professor não sabe fazer perguntas, nem analisar outras perguntas. Não fomos ensinados a perguntar.
Analisando as perguntas de outras colegas, veirifiquei que muitas vezes se confunde pergunta como tema e assunto; muitas perguntas se tornam pessoais e difíceis de responder; que as questões religiosas não são perguntas com alto grau de aprendizagem porque se referem a crenças que passam de geração a geração; que a verdadeira curiosidade é respondida a partir de uma pergunta bem formulada; que precisamos ler o que escrevemos com muito mais atenção e consciência crítica; que avaliar não é julgar, nem apontar questões pessoais.
A partir da análise das perguntas dos colegas do Pead, aprendi que precisamos respeitar três requisitos: ASPECTOS TÉCNICOS, IMPARCIALIDADE e ÉTICA.
Quando avaliamos algo, precisamos agir com comprometimento, responsabilidade e respeito.
Nossas palavras faladas e escritas são registros importantes no processo da aprendizagem, mas devem ser usadas com consciência e sabedoria, com cautela e atenção, com firmeza e neutralidade.
Assim será na sala de aula, com os colegas educadores, com equipe diretiva, com pais e comunidade escolar.
A arte de fazer perguntas é a grande aprendizagem deste semestre; mas respondê-las e analisá-las também é!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Argumentação
Refutar ou defender? Eis a questão!
O grupo em que eu estava inserida tinha a missão de defender a atitude tomada pelo atropólogo em relação a cultura da civilização do arquipelágo. Como defender algo que eu refutava?????
Bem, treinei neste momento minha aprendizagem de ARGUMENTAR!
Trechos da argumentação:
O antropólogo acredita que cada indivíduou ou civilização tem seu tempo de maturidade e aprendizagem. E que poderá mudar seu pensamento, suas atitudes e modo de ver a partir da convivência com o grupo e com o "branco". Não há necessidade de intervir, porque com o passar do tempo, eles começarão a observar que o branco não é um deus e suas perguntas terão respostas na vivência diária com o branco. A partir do desenvolvimento das habilidades manuais e mentais, novos processos de pensamento se encadearão, criando assim, novas formas de pensar. Acredito que seja um processo lento, que vai de acordo com o grau de evolução e entendimento de cada tribo, grupo, civilização.
Eu elaborei a argumentação, tentando intimamente acreditar nela. Só assim poderia convencer o leitor e o "professor".
Parte desta argumentação, foi encaminhada para o outro grupo, que mostrou-se indignado com nossa argumentação "favorável". Nós já nos sentíamos favoráveis mesmo! E queríamos que nossas afirmações tivessem êxito e pudessem persuadir e intimidar o outro grupo, gerando confronto de pontos de vista. E deu certo!
Vale destacar que a importância da força dos argumentos e que sua elaboração muda de acordo com os confrontos apresentados pelos participantes.
Percebemos com esta atividade que é necessário defender as ideias que temos, sustentando o que dizemos em argumentos sólidos e bons e, claro, aceitar a discussão dos nossos argumentos. Um argumento é, assim, um conjunto de proposições (pensamentos) que utilizamos para dar resposta (justificar, provar, suportar) algo.
Falando em Aprendizagens
Somos caminhantes nesta aprendizagem, no pead, na vida cotidiana.
Possamos aprender a colocar as nossas opiniões com consciência, sabedoria, criatividade, atenção e acima de tudo, com bons argumentos, respeitando o outro e sabendo se auto-avaliar de forma positiva.
Destacando ainda nossa aula, uma colega, ao se referir a avaliação dos PAs dos colegas, disse que sentia dificuldade em avaliar os trabalhos dos outros, pois achava uma situação desconfortável.
Na realidade sentimos isto sim, não sabemos avaliar e nem como avaliar. Como avaliar sem milindrar o colega? Como avaliar com neutralidade e imparcialidade?
Somos humanos e imperfeitos e não fomos ensinados para avaliar a nós mesmos e nem aos outros. Não temos este hábito, porque confundimos avaliar com criticar. É cultural.
Acredito que avaliar seja a principal aprendizagem a ser aprendida nesta caminhada.
Quando soubermos avaliar com conhecimento, baseados nas leituras e nas pesquisas, com respeito e bom senso, tudo poderá ser melhor.
Quando soubermos ser avaliados, aceitando a opinião do outro, sem nos incomodarmos, porque estamos sempre a aprender, com consciência de saiber usar adequadamente nossos argumentos a fim de defendermos o que julgamos adequado.
Argumentar com lógica, com clareza e solidez das idéias.
Avaliar não é julgar. Avaliar é aprender a refletir nossa aprendizagem.
Bem, cabe a mim observar as minhas postagens e tentar melhorá-las cada vez mais.
Uma etapa aqui se inicia.
Conto com meus professsores, tutores e colegas.
Abraços.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem
Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem
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Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.
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Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.
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Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.
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A aprendizagem é um processo construído internamente.
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A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
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A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
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Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
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A interação social favorece a aprendizagem.
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As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.
domingo, 5 de abril de 2009
Imagem é tudo!!!! Mas atitude é muito mais!
Cores, raças, crenças, DIFERENÇAS!
Não somos iguais!
Mas buscamos direitos iguais.
Etnias, culturas, religiões, história, origens...
Num país de diversidade cultural e social, é preciso não se omitir e fazer a DIFERENÇA, encarando a DIFERENÇA de frente.
A educação é o meio de produzir atitudes conscientes, DIFERENTES, cidadãs e acima de tudo, humanas.
Precisamos sair do discurso, da mídia, das fotos...
Mudar atitudes. Incluir ações positivas.
Incluir pensamentos, idéias, culturas.
Incluir GENTE!
Uma escola para todos
Estimulados pelo MEC, alunos com necessidades especiais ingressam as escolas comuns. Com este subtítulo a revista Isto É, de 4/3/2009, aborda o tema "Uma escola para todos".
Cita dados importantes:
* Há dez anos, apenas 13% dos alunos com necessidades específicas estavam matriculados em classes comuns. Em 2008 eram 46%.
* 98% das crianças com deficiência em países em desenvolvimento não estão na escola (Fonte Unesco).
A Secretária de Educação Especial do MEC, Claudia Dutra afirma:
"A proposta de educação inclusiva considera a educação um direito humano universal e defende o respeito às diferenças humanas na prática educativa. Todos podem aprender e cabe à educação proporcionar espaços de desenvolvimento do potencial humano, não reforçar a idéia de limitação".
E ainda especialistas afirmam que o preconceito, a dificuldade de adaptação dos alunos, o despreparo dos professores, a falta de recursos são os problemas a serem enfrentados na atual conjuntura educacional e política.
A reportagem encerra com uma reflexão muito interessante:
É preciso garantir que a inclusão signifique o acesso ao direito fundamental da educação, e não uma experiência dolorosa na vida de alunos e pais.
domingo, 29 de março de 2009
Eu e os outros
E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E verificamos aí, que não é somente as famílias consaguíneas que exercem influência sobre nós, mas também daquelas formadas por laços fraternos, ideológicos, culturais, religiosos, sociais.
Somos sim um pouquinho das pessoas que passam pela vida da gente...
Possamos aproveitar então sempre o pouquinho bom de cada um.
Um abraço a todos.
terça-feira, 17 de março de 2009
Reflexão e Expectativas
Cada um possui suas particularidades e individualidades, que muitas vezes perpassam dados e resultados. A cada caminhada, conquistas são realizadas. Em meu caso, a grande conquista no semestre passado foi a chamada "superação". Superar desafios, superar o tempo, superar o trabalho, superar medos e angústias, superar o excesso de atividades, superar a mim mesmo.
Superando, adquirimos confiança, conhecimento e auto-estima. Desenvolvemos habilidades e competências.
No semestre passado, compreender gestão foi uma conquista! Muita leitura, muito debate, muitas trocas de idéias, entrevistas, bate-papos.
Outra conquista foi buscar ajuda, me permitir a ter dúvidas e assumir esta postura, com humildade e sabedoria, ciente que aqui todos somos aprendizes e que a perfeição não existe. Mas que de toda forma, todo o esforço é válido e que sempre será recompensado.
Aprendi a me valorizar como aluna do Pead e a de me orgulhar disto.
Aprendi que meus tutores são valiosíssimos e que precisarei deles nesta caminhada, que poderíamos denominar de "quartas-de-finais".
Ainda há muito a conquistar...
As expectativas para o novo semestre:
* A primeira e mais importante: conseguir acompanhar as aulas e a realização das atividades, com ordem, organização, disciplina e pontualidade.
* Vivenciar cada disciplina com prazer e dedicação, relacionando-as na prática diária.
* Filosofar com coerência e argumentação.
* Adquirir mais conhecimentos e embasamento teórico e prático sobre e educação de pessoas com necessidades educacionais especiais, porque penso que possa servir de subsídio para meus trabalhos futuros.