Como conduzir a criança na transição anomia - heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual?
Na minha prática docente, entre erros e acertos, troca de idéias e experiências com outros profissionais, busco desenvolver primeiramente a auto-estima dos alunos através das atividades trabalhadas e do debate em sala de aula. O diálogo é fundamental, unido ao respeito à individualidade do aluno, e seu tempo de aprendizagem. O diálogo permite a análise das questões de sala de aula e fora dela, do seu contexto social, buscando reflexões sobre o mesmo.
Um exemplo: no ano de 2007, trabalhava com um turma de 4ª série, no Instituto Estadual Professora Nena – CIEP, no turno da tarde. A escola se localiza na periferia do município de Sapiranga e apresenta vários problemas sociais a serem debatidos e resolvidos.
Numa determinada tarde, após o recreio, houve um tumulto muito grande entre os colegas da turma. Discussões, choro, indignação. Parei a aula e começamos a conversar sobre o problema. Aliás, qual era o problema? O que havia acontecido? Resumindo: a indignação de um dos meninos (muito saliente na turma, de personalidade fortíssima) reclamou de outra colega, que utilizava a questão financeira para comprar “a amizade” dos outros colegas mais pobres, através de salgadinhos, balas e empréstimos de materiais. Em relação aos demais colegas, a menina era a que possuía melhor nível financeiro. Alguns aceitam este tipo de “compra”, outros não. Ambos choravam, o delator e a acusada. Conversamos sobre estas questões com eles: o que levava a menina a comprar os colegas? Como poderíamos ajuda-la? Qual seria a nossa postura?
Eu olhava para eles e fiquei surpresa com a atitude tomada. Apesar dos choros e das indignações, conversavam de forma transparente e direta, apontando falhas, erros, agravos morais e por fim, soluções. Não havia ali o mocinho e a vilã, mas um grupo de alunos, com idade entre 10 e 12 anos, discutindo valores morais, tão cobrados sua realidade. Lembro de uma frase do menino, emocionado: “Eu sou pobre, mas minha família me ensina a ser o que sou, a valorizar o que tenho”. Foi uma lição para todos nós e que realmente mostra que somente através do diálogo direcionado para o bem comum poderemos formar cidadãos mais conscientes
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2 comentários:
Ótima postagem Giovana.
Uma reflexão muito bem argumentada e evidenciada. Parabéns!
Beijos
Melissa
Obrigaduuuuu!
Bjs.
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