segunda-feira, 2 de novembro de 2009
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM E DO PENSAMENTO DO EDUCANDO JOVEM E ADULTO
O tema “educação de pessoas jovens e adultas” não nos remete apenas a uma questão de especificidade etária mas, primordialmente, a uma questão de especificidade cultural. A partir da leitura do texto “Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e da aprendizagem”, de Marta Kohl de Oliveira, podemos destacar:
1. A educação de jovens e adultos envolve uma reflexão sobre as ações educativas dirigidas a um grupo de pessoas relativamente homogêneo no interior da diversidade de grupos culturais da sociedade contemporânea. O adulto, no âmbito da educação de jovens e adultos, é geralmente o migrante que chega às grandes metrópoles vindos de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar (muito frequentemente analfabetos). O jovem, incorporado ao território da antiga educação de adultos não é aquele com uma história de escolaridade regular, é considerado um excluído na escola, geralmente integrado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores chances de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É ligado mais ao meio urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais ligados a sociedade letrada, escolarizada e urbana.
2. O lugar social desses grupos pode ser definido em três campos: a condição de “não-crianças”, a condição de excluídos da escola (fracasso escolar, evasão e repetência, práticas de avaliação) e a condição de membros de determinados grupos culturais.
3. Os processos de construção de conhecimento e de aprendizagem dos adultos são menos explorados na literatura psicológica do que àqueles referentes às crianças e adolescentes.
4. As pessoas humanas mantém um bom nível de competência cognitiva até uma idade avançada, que podem sofrer influência de alguns fatores, como: o nível de saúde, o nível educativo e cultural, a experiência profissional e o tônus vital da pessoa (sua motivação, seu bem-estar psicológico,...). (Palacios)
5. O adulto que se incorpora a EJA está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquela da criança e do adolescente. Em sua caminhada, traz consigo experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas; experiências essas que não devem ser desperdiçadas no processo de aprendizagem na educação de jovens e adultos, onde as habilidades e dificuldades possam ser trabalhadas de forma mais consciente e pedagógica.
6. Para incluirmos estes jovens e adultos no processo de aprendizagem se faz necessária uma adequação da escola com currículos, programas e métodos de ensino diferenciados que atendam às necessidades cognitivas, psicológicas e culturais dessa clientela escolar.
7. Os altos índices de evasão e repetência nos programas de educação de jovens e adultos indicam falta de sintonia entre escola e alunos, além dos fatores de ordem socioeconômica que impedem dos alunos se dedicarem plenamente ao programa. Além disso, a escola funciona com base em regras específicas e com linguagem particular que deve ser conhecida por aqueles que estão envolvidos no processo.
8. A escola voltada à educação de jovens e adultos é um local de confronto de culturas, de interação social e um encontro de singularidades. Propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e/ou adolescência seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis.
CONCLUINDO:
· Para que possamos estabelecer com clareza a parcela da população a ser atendida pela modalidade EJA, é fundamental refletir sobre o seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão servirá de base para a elaboração de processos pedagógicos específicos para esse público. Segundo Marta Kohl, a Educação de Jovens e Adultos refere-se não apenas a uma questão etária, mas, sobretudo de especificidade cultural, ou seja, embora se defina um recorte cronológico, os jovens e adultos aos quais se dirigem as ações educativas deste campo educacional não são quaisquer jovens e adultos, mas uma determinada parcela da população.Considerar a heterogeneidade desse público, quais seus interesses, suas identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas habilidades, suas vivências, torna-se de suma importância para a construção de uma proposta pedagógica que considere suas especificidades. É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos para que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o para uma intervenção significativa na sua realidade. É muito importante que o professor esteja atento à utilização dos dados que demonstrem os interesses dos alunos, para desenvolver suas atividades de forma mais significativa.
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Um comentário:
Olá, Giovana:
Muito robustos os destaques que trazes a partir do texto “Jovens e adultos como sujeitos do conhecimento e da aprendizagem”, de Marta Kohl de Oliveira. Considerando a experiência que tens com relação a EJA ou como professora que atua ou como professora que observa os movimentos relacionados a essa modalidade, como vês a EJA, no município de Sapiranga? O que a autora traz, no texto, se aplica à realidade desse município? Fica para continuar a reflexão.
Abraço.
Celi
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