As questões étnicos-raciais vem invandindo o mundo da moda também. Na revista Isto É, do 27 de maio de 2009, número 2093, página 26, uma publicação chama a atenção: COTA PARA NEGROS. O São Paulo Faschion Week terá que ter a participação de 10% de modelos negros. A organização e o Ministério Público assinaram Termos de Ajuste de Conduta e se a cota não for cumprida as grifes pagarão multa de R$250 mil. A promotora Deborah Affonso afirma que não se trata de querer impor uma cota, mas sim promover a inclusão social.
Na mesma revista duas outras campanhas publicitárias nos conclamam uma reflexão: uma delas referente ao Programa Bolsa Escola, que busca reduzir a pobreza,a fome e a desigualdade social. Na imagem de destaque: uma família sorrindo, a pele parda, descendência afro ou indígena. Na outra campanha de cuecas, a noiva de lingerie, "branca" e o noivo negro.
A primeira remete a miséria e a outra ao glamour. Cada uma, do seu jeito, traduz o atual momento em que estamos vivendo. Ainda existe o preconceito do povo marginalizado que recebe auxílio dos programas federais, vivendo de forma miserável e que poucas oportunidades sociais são dadas. Da mesma forma, o negro aparecendo na campanha como personagem em destaque demonstra a vontade de romper posturas preconceituosas ou até o respeito/obrigação pelo Programa de Cotas, que impõe a participação dos negros também no mundo da publicidade e da moda, além de outras situações sociais e culturais.
Medidas corretas ou não. Aqui não estou a questionar a funcionalidade delas, nem a minha concordância. Mas, me permite uma reflexão profunda sobre o tema, tão bem discutido na última aula presencial de Questões Étnico-Raciais na Educação: o problema do preconceito, as cotas aos negros, a discriminação racial, o ser moreno, o ser negro, o ser mestiço, entre tantas outras denominações.
Na neutralidade ouvimos opiniões e nos deparamos com o nosso preconceito ainda latente, muitas vezes escondido e marcarado dentro de nós. No bate-papo na aula e nas leituras percebe-se:
* preconceito real às opiniões alheias;
* falta de argumentação coerente pela falta de vivências e de leituras;
* predominância da cultura germânica e italiana em nossa região;
* necessidade de avaliar os aspectos históricos de nossa colonização e do tratamento dado às populações negras, indígenas, mestiças, caboclas;
* oportunidades e condições psicológicas, intelectuais e sociais ao longo do tempo a estes grupos étnicos;
* arraigamento de condutas, posturas, pensamentos traduzidos de geração a geração ainda muito fortes em nossa cultura;
* o não-concordamento do programa de cotas às questões étnica-raciais;
* a importância da implantação da Lei 10639/2003 nas escolas;
* despreparo do professor no desenvolvimento dos conteúdos transversais sobre o negro e o índio.
Há sim a necessidade de um olhar diferenciado a estas questões. A promoção da inclusão social deve começar em nós, aprendendo a observar, analisar, discernir e avaliar com neutralidade, ética e humanidade.
Como diz um poema e um documentário: Vista a minha apenas por um dia...
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Um comentário:
Parabéns Giovana! A tua postagem, possui argumentos e evidências a qual caracteriza a tua aprendizagem nos levando a uma profunda reflexão.
Bjus!!!
Elisabete
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