sábado, 25 de outubro de 2008

Obesidade Mórbida


Na aula presencial de Escola, Cultura e Cidadania foi abordado o tema “Obesidade Mórbida”, de forma chocante imagens foram sendo apresentadas a nós, alunas de pedagogia da Ufrgs. Constrangimento foi a primeira sensação, a maior de todas; sentimentos de angústia e confusão mental tomaram conta de mim e acredito de muitas colegas ao meu lado. Perguntei-me: “Por que devo assistir estas imagens? O que estas imagens têm a ver com a disciplina?”. Não posso deixar de lembrar que muitas colegas também enfrentam problemas de obesidade e passam por muitos preconceitos em função disto, considerado “doença” no debate. No decorrer da aula e das discussões, o problema foi encaminhado para a questão social, afinal, é um problema social. Quando falamos em “social”, nos reportamos a pessoas, grupos, sociedade. Quem faz parte da sociedade? Quem faz parte dos grupos sociais?

Diariamente levantamos “bandeiras” em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, assumimos posturas e discursos, promovemos fóruns, seminários, debates, criamos ONGS, realizamos campanhas assistenciais através dos clubes de serviços e outras instituições. Muitas vezes ficamos em “divagações” infindáveis, sem ações realmente construtivas.

A “obesidade mórbida” é um problema, um grande problema. Nosso e do descaso da sociedade civil e governamental. Ela nos causa desconforto porque “aparentemente” nos causa muito mais impacto do que outras situações “disfarçadas” pela sociedade capitalista e consumista.

O que podemos falar da aneroxia? Da bulimia? Da geração silicione? Da obsessão pela beleza pelo corpo perfeito? Das dietas a base de remédios “faixa-preta”? Da escova progressiva a base de formol? Formol!

Métodos que não nos chocam e nem nos deixam “constrangidos”, afinal, promove o “belo”. O belo é visto e apreciado sem preconceito, talvez com um leve olhar de inveja e ciúme. Mas é aprovado! Sem selo de qualidade! Mas passa...A obesidade mórbida não...

A obesidade mórbida mata. A aneroxia, as cirurgias para implantação de silicone, as escovas progressivas já MATARAM muitas pessoas ao longo dos tempos, numa sociedade que se considera intelectualmente desenvolvida, mas fadada ao fracasso quando não busca seu desenvolvimento moral.

Karl Marx, Buda, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Chico Chavier, Nelson Mandela, Irmã Dulce, Betinho, entre tantos outros, já afirmavam que precisávamos desenvolver uma sociedade mais humana, para acompanhar a progresso econômico e enfrentar os desajustes sociais que estão impregnados nos grupos sociais em que vivemos. Miséria, desigualdade social, abandono, drogas, extermínio, violência, abuso do poder, corrupção, promiscuidade, prostituição, sofrimento, dor.

E surgem assim vários tipos de morbidez: morbidez do voto, morbidez docente, morbidez intelectual, morbidez ambiental, morbidez social...

De quem é a culpa?

Somos seres sociais, criados para vivermos em sociedade, mas ainda não aprendemos a nos relacionarmos pacificamente com outros seres da mesma espécie. Ainda permanecemos no bla-bla-blá, ou em ações onde podemos ser vistos e “fotografados”. Melhor mesmo é parecermos inteligentes, esquecendo que as grandes ações são aquelas realizadas anonimamente em nosso meio, respeitando as individualidades e as “inclusões”.

Aliás, quem realmente faz parte da inclusão? Serão eles? Ou nós?

3 comentários:

Patrícia Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patrícia Lopes disse...

Oi Giovana!

Li teu artigo e quero dizer que tu conseguiste colocar muito bem a sensação que eu também senti naquela aula. Eu não sofro de obesidade mórbida, mas tenho problema com a comida, devido a ansiedade e tenho 3 tios obesos mórbidos, que não conseguem evitar a comilança que os engordam cada vez mais, no entanto eles sofreriam de ver e orvir comentários como eu e você ouvimos na aula: "Ui, que horror!", "Nossa, como deixam chegar nisso" "Eu acho que não vou mais comer". É fácil falar quando não se sofre com isso, difícil é enfrentar o problema que é muito mais psicológico e incosnciente do que apenas vontade de comer, gula ou ansiedade. Podemos discutir o problema, mas de forma humana, sem expor os que com ele sofrem, como aconteceu na aula!

Abraços...
Continue escrevendo artigos assim!

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Giovana, muito interessante teu texto, levantas questões extremamente pertinentes para a nossa reflexão sobre a sociedade. Abração, Sibicca