domingo, 20 de dezembro de 2009

EJA

A partir das leituras realizadas, nos trabalhos desenvolvidos durante o semestre, percebemos que a modalidade da EJA é de suma importância na educação de jovens e adultos, uma oportunidade única de humanizar e qualificar estas pessoas, transformando ainda mais , em seres ativos e participativos da comunidade em que estão inseridos.
Percebemos nas apresentações de trabalhos que cada vez mais é o professor que deve se adaptar aos seus alunos e não os seus alunos ao professor e suas propostas metodológicas.
Se o aluno se encontra nessa modalidade, por algum fator, seja ele social ou econômico, seja pela auto-esitma baixa, seja pelo descrédito de suas habilidades, seja pelas dificuldades diárias da vida, a instituição escolar e professores devem desenvolver um planejamento que atenda as necessidades desse público, além de promover o respeito e a igualdade de direitos.

QUEM SÃO OS ALUNOS E ALUNAS DA EJA?

Nosso grupo realizou entrevistas com alunos de EJA das escolas públicas da Região, buscando compreender a história de vida deste público de alunos, bem como sua relação com o mundo do trabalho e com a educação, possibilitando um olhar reflexivo sobre a práxis com alunos de EJA.

Veja o que descobrimos:


* Maioria natural de outros municípios, vindos para Sapiranga por motivos de trabalho;
* Casados e solteiros se equiparam em número;
* Poucos possuem casa própria;
* Todos possuem equipamentos eletro-eletrônicos comuns da sociedade atual;
* Variam as atividades de lazer entre ficar em casa para descansar e assistir televisão e sair para se divertir em bailes e bares;
* Maioria não participa de grupos comunitários ou religiosos, embora a maioria afirme ter uma religião, entre as citadas estão a católica e a evangélica;
* Muitos utilizam o SUS quando precisam de atendimento médico;
* Todos desejam uma vida melhor da que possuem;
* Que aprenderam a ler e escrever entre os 7 e 8 anos;
* Gostam ler jornais e revistas;
* Escrevem pouco, como bilhetes e recados;
* Já estão na fase final do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio;
* Todos recebem incentivo dos familiares para estudarem;
* Apontam como qualidades do professor saber ensinar, compreender e saber lidar com os alunos;
* As qualidades do bom aluno são atenção, interesse, esforço e respeito ao professor.

REFLEXÕES SOBRE PLANEJAMENTO

No enfoque temático: Reflexões sobre Planejamento, da disciplina de Didática, dois pedagogos apresentam contribuições importantes para o trabalho pedagógico: Maria Montessori e Célestin Freinet. Analisando meu planejamneto realizado em Linguagem, percebi que poderia alterar e acrescentar várias atividades conforme dicas dos autores. Foi muito interessante! Algumas delas já praticadas em sala de aula, como os cantinhos do conhecimento, entre outros.

Vale destacar algumas alterações realizadas, caso eu tivesse contato com esses autores. Veja só:

Maria Montessori:

- Montessori indicaria que realizasse com a turma atividades físicas, mentais e reflexivas em relação ao seu corpo, ao grupo e as diferenças existentes na sala de aula. Ela entende que a base deste princípio é a educação ativa, na qual a criança aprende pela experiência e pela repetição sistemática, as crianças fazem exercícios, através dos quais aprendem a dominar a si mesmas, coordenando movimentos e controlando ações;

- Melhorar a organização do ambiente, para garantir domínio, autonomia para corresponder a necessidade das crianças de agir inteligentemente;

- Desenvolver a educação dos sentidos, alcançada por meio da realização de jogos sensoriais e outros materiais didáticos, trabalhando as diferenças entre seres, objetos e coisas.

Celestin Freinet:

- Criar o “Cantinho das Cores” e o “Cantinho das Diferenças” (onde poderiam selecionar imagens, objetos, coisas diferentes);

- Elaborar um “texto livre” sobre a história contada, respeitando a inspiração da criança quanto à forma, ao tema e ao tempo para sua realização;

- Montar o “livro da vida”, com o tema “Nossas Diferenças”;

- Propor a correspondência com outras classes para desenvolver as relações humanas pelo contato vivo com o mundo exterior, a partir do tema “Em sua sala de aula, existem diferenças entre os alunos?”;

- Trabalhar mais em grupo com eles, para desenvolverem a sociabilidade e a criatividade.

TEMAS GERADORES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA:

No texto A Dialogicidade – Essência da Educação como prática da liberdade, é destacado que será a partir da situação presente, existencial e concreta, refletindo as aspirações do povo, que poderemos organizar conteúdo programático da educação ou da ação política.
Para Paulo Freire a missão do professor deve ser possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos, através da valorização da cultura do aluno, das suas experiências trazidas ao longo do tempo. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de “cultura do silêncio” e transformar a realidade, “como sujeitos da própria história”. Seu método pretende habilitar o aluno a “ler o mundo”, reescrevendo sua realidade e transformando-a.
Os temas geradores na prática pedagógica, utilizados por Paulo Freire na educação de crianças, jovens e adultos, favorecem a leitura do mundo onde todos nós estamos inseridos. A linguagem e o pensar estão ligados diretamente a realidade dos grupos sociais. O educador necessita conhecer as condições estruturais em que o pensar e a linguagem do povo se constituem. O conteúdo programático pela ação deve ser elaborado de forma consciente e que atenda as necessidades desse povo, proporcionado a apreensão dos "temas geradores" e a tomada de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos.
A educação passa a ser “pronunciada” de forma humanizada e democrática. A metodologia de Paulo Freire reconhece e estimula o diálogo, como prática pedagógica de conscientização do indivíduo dos seus direitos e deveres como cidadão ativo e participativo, integrando-o no meio em que vive.
Baseado-se nisso, penso que cada vez mais a educação deve envolver o aluno no seu contexto social, aproveitando sua realidade, suas experiências, suas vivências e suas capacidades de transformação.

MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA EM RELAÇÃO À AVALIAÇÃO

A avaliação sempre foi motivo de reflexão na minha prática docente. Conflitos interiores com os exteriores, com as situações apresentadas no contexto escolar, envolvendo exigências imensas no ato de “avaliar”, pela escola, pelos colegas professores, pelos familiares. O resultado da avaliação sendo muito mais importante que todo o processo de aprendizagem do aluno.
No início de minha prática pedagógica em sala de aula, adotava a avaliação classificatória e centralizadora, em função da pressão do meio escolar. Com o passar do tempo, passei a olhar de forma diferente a avaliação e mais segura do que fazia, busquei não somente avaliar meu aluno por testes e provas aterrorizadoras, mas utilizar outros instrumentos mais criativos de avaliação. Debates, reflexões, atividades com expressão corporal e artística, trabalhos coletivos e não apenas individualizados.
Atualmente, não estou em sala de aula, mas quando exercia prática docente, procurava avaliar meu aluno no dia a dia, analisando seu crescimento cognitivo, afetivo e social frente às suas dificuldades e habilidades, pois cada um é um ser individual possuidor de conhecimentos e vivências diferentes.
Não utilizo critérios específicos para a realização da avaliação. Procuro conhecer meu aluno e sua realidade e assim, estar atenta aos seus progressos em relação ao processo de aprendizagem. Confesso não achar a tarefa de avaliar um processo fácil e muitas vezes fico insegura, afinal, também sofro influência das minhas vivências escolares do passado e até do presente.
Um ponto que me incomoda é “dar a famosa nota”, porque muitas vezes estamos com ela rotulando nosso aluno. Procuro então registrar todas as avaliações, sejam elas por notas, conceitos e até pareceres de determinadas atividades desenvolvidas para que eu não prejudique meu aluno na sua avaliação “final”, exigida pelo contexto escolar. Os resultados dessa avaliação permitem uma análise do processo ensino-aprendizagem, não apenas do aluno, mas também da metodologia aplicada pelo professor. Avalia-se o aluno, o professor, o processo.
O aperfeiçoamento da minha prática pedagógica em relação à avaliação deve levar em consideração o conhecimento que se tem do aluno e da realidade onde esse está inserido; do desprendimento da “classificação” do aluno frente aos seus resultados avaliativos com notas e números; da busca de humanizar a educação, visando desenvolver o ser integral, dotado de habilidades e competências que necessitam ser desenvolvidas e estimuladas de forma criativa e motivadora; da análise das práticas avaliativas que promovam a auto-estima, aceitação e valorização do aluno; de mudanças que visem o exercício da cidadania, da troca de saberes e da educação inclusiva.

EDUCAÇÃO DE SURDOS 3

EXPERIÊNCIA COM SURDOS

Através dos estudos realizados na disciplina de Libras, pude entrar mais em contado com a comunidade surda. Antes disso, apenas "passava" por eles e não interagia, até porque tinha dificuldade para me comunicar, o que fazia com eu me intimidasse. Em sala de aula, nunca tive alunos portadores de deficiência auditiva e confesso que ainda tenho dificuldades para o uso da comunicação com eles.
Penso que a disciplina nos motivou para que buscarmos subsídios para melhorarmos nossa prática docente e convivência com a comunidade surda.
Já estamos buscando um curso de capacitação de Libras para o ano que vem.
Abraços.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO DE SURDOS 2

Falando em educação de surdos em nossa atualidade, aliás, em nossa localidade nos tempos atuais....

No município de Sapiranga, onde resido e trabalho, a Escola Luterana São Mateus oferece educação regular do ensino fundamental para alunos surdos e ouvintes. Na Educação Infantil oferecem Maternal, Jardim A e Jardim B. No Ensino Fundamental oferecem desde a 1ª até a 8ª série. No Ensino Especial, alunos surdos têm oportunidade de receber educação, através de uma política educacional bilíngüe (Português e Libras = Língua Brasileira de Sinais). A filosofia da Escola tem como propósito fazer com que a essência humana cresça em educação e na integração de pessoas diferentes, respeitando suas diferenças, seus credos, seu nível social e econômico, idealizando um mesmo objetivo de plenitude e de realização pessoal.
A educação de surdos é muito importante para a Escola São Mateus, bem como para a APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos). O termo SURDOS, conforme a escola, e visto com visão de pessoas integrais, individuais, cidadãs, com sua própria visão de mundo, com direitos e deveres. Fala-se em educação bilíngüe; em professores surdos para alunos surdos; em intérpretes das Libras (Língua Brasileira de Sinais), em FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos); em NUPPES (Núcleo de Pesquisa em Políticas Educacionais para Surdos), na UFRGS; em surdos brasileiros.
Através das visitas realizadas na escola, através da Secretaria Municipal de Educação de Sapiranga, bem como do contato com familiares que estudam na escola e das participações da escola em eventos realizadas pela Secretaria, percebe-se o engajamento e a preocupação dos profissionais na educação dos surdos e sua inclusão no meio em que vivem. São oferecidos oficinas de teatro, dança, informática, basquete, futsal, entre outras, para alunos surdos e ouvintes, integrando-os na sociedade.
Em julho do ano passado, a escola participou do Encontro Artístico de Talentos Escolares – EARTE 2009, com três peças de teatro e uma coreografia de dança, emocionando e sensibilizando o público presente. Através das apresentações, conseguiram demonstrar a importância de trabalhar as diferenças em conjunto com toda a comunidade.


O olhar de nós alunas do pead, de educadores e de cidadãs, frente a disciplina de Libras, proporcionou momentos de sensibilização e responsablidade com a educação de surdos, fazendo que nossa reflexão saísse da sala de aula ou da internet e fosse às ruas, às salas de aula de escolas especializadas, às pessoas portadoras de deficiência auditiva, mantendo ligações de uma boa convivência e de respeito às diferenças. Ao mesmo tempo, percebemos que muitas instituições fazem um excelente trabalho, mas que ainda necessitam de parcerias e apoio.
As leituras, as reflexões, os debataes e as saídas de campo, proporcionaram momentos de nos“vermos” nos olhando, de nos escutarmos ouvindo e através das inúmeras experiências de nos avaliarmos.
Assim, como perceber no “outro” as capacidades, as superações, as limitações que pela convivência no trabalho, muitas vezes passa despercebido pelas lentes do olhar desacostumado a “ver” e "ouvir".

EDUCAÇÃO DE SURDOS

Com base na leitura do texto da unidade 3 e no texto de Harlan Lane, percebi que houve avanços quanto à educação de surdos, mas também que ainda vivemos numa sociedade com dificuldades de conviver com as diferenças.
A mudança deve iniciar pela comunidade em geral, mas também pelos próprios surdos que devem manifestar-se na busca de seus direitos, através de entrevistas em jornais; campanhas com panfletos, manifestações no ministério; vigílias estudantis.
Outro segmento importante nesta ação modificativa são as instituições escolares, que devem promover a educação inclusiva com qualidade e sem preconceito, envolvendo toda a comunidade nesse processo de aceitação, respeito e democratização do ensino. Ou seja, o ensino deve estar voltado para a construção da autonomia do aluno com deficiência, proporcionando à comunidade surda a interação na sociedade em que está inserida, buscando sua identidade e valorizando suas capacidades, como cidadão e consciente de seus direitos e deveres.